Ópera do Milho terá uma nova apresentação


20/07/2005, 13:40


 

Quem não assistiu à peça "Ópera do Milho” no período dos festejos juninos terá uma nova oportunidade no dia 19 de agosto, ante a Comissão do Projeto “Palco Giratório”, idealizado pelo Serviço Social do Comércio - Sesc. A apresentação, que também era esperada por inúmeros forrozeiros da Vila do Forró Chapéu de Couro, almeja também novas aparições em outros locais, já que o espaço reservado a montagem do cenário e arquibancadas na orla de Atalaia foi insatisfatório ante ao vasto público que o acompanha.

 

Religiosidade, simbolismo do fogo e danças folclóricas são alguns dos componentes do espetáculo “Ópera do Milho”, uma encenação que expõe a cultura popular sob a designação de uma arte cantada. Idealizada pelos dramaturgos Moncho Rodriguez e Cristina Cunha, a peça narra a trajetória da jovem “mariazinha” e seu casamento “apressiguido”, ou seja, atribulado pela fúria de um pai que tenta obrigar um noivo fujão a assumir a barriga da filha por honra da família. Para tanto, são utilizadas simpatias, superstições e a interferência de São João, São Pedro e Santo Antônio, ponto culminante da trama.

 

Coordenadora executiva do espetáculo propõe levar a cultura regional às novas gerações
“Apresentamos hoje uma dramaturgia nordestina, sob a influência da arte cênica comum na Idade Média. São ornamentadas três escadarias, cada uma delas dedicada a um santo junino e os elementos de cena são constituídos basicamente de fogos de artifício, esmoles, véu de noiva e quadrilhas juninas”, explicou a diretora do Centro de Criatividade e Estudos em Arte-Educação “Gov. João Alves Filho” e coordenadora executiva da peça, Aglaé D’Ávila Fontes.

 

A “Ópera do Milho” surgiu em 1996 e logo se manteve desativada. Após a remontagem das cantigas em junho deste ano, a apresentação pôde ser admirada por adultos e crianças na Concha Acústica do Centro de Criatividade. Para a nova versão do espetáculo foram destacas como trilhas sonoras, algumas composições dos artistas sergipanos Irineu Fontes e Rubem Lisboa. O elenco, composto por mais de cinqüenta atores, utiliza máscaras e um figurino arrojado, resgatando em cena as antigas tradições dos Ciclos Juninos durante uma hora de interpretação.

 

Encenação destaca ciclo junino como forma de resgate das tradições nordestinas
Hoje mantida com o apoio da Secretaria de Estado do Turismo (Setur) e da Secretaria de Combate a Pobreza, o espetáculo “Ópera do Milho” apresenta uma dramaturgia renovada pelos coros das viúvas e viúvos, bem como das comadres.Trata-se da busca por uma identidade própria, marcada pelo uso de vocábulos capazes de expressar o universo ideológico do homem nordestino. Tal modalidade empenha-se em propor aos amantes da representação cênica, a transformação da tradição em contemporaneidade, através de uma celebração poética e festiva.

 

“Os atores gesticulam suas emoções e, com isso, tornam ainda mais especial a aproximação da cultura sergipana às novas gerações. É um espetáculo que merece fazer parte da memória reservada aos antigos costumes populares, daí a importância de tamanha produção artística para a grande maioria dos sergipanos”, concluiu Aglaé D’Ávila Fontes.

 

Por Nubia Santana e Raquel Almeida

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