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27/06/2013 - 14:24
Sanfoneiros de Sergipe: os comandantes do forró
O que três grandes mestres locais dizem sobre o ofício
Erivaldo de Carira em apresentação no Concerto Junino da Orsse (Foto: Ana Lícia Menezes)

Se o rock tem a guitarra, o erudito tem o violino e a Bossa Nova, o violão, quem manda na harmonia e na melodia do forró é a sanfona. E quem manda na sanfona, em Sergipe, não faz pouca coisa. Em um dos estados mais férteis em grupos de forró, os sanfoneiros se impõem como comandantes das festas juninas. Para revelar um pouco mais da importância desses verdadeiros mestres do forró, o Portal Infonet conversou com três grandes nomes do fole e declarados pupilos de Luiz Gonzaga: Erivaldo de Carira, Luiz Paulo e Ismael.

Com 40 anos de carreira e 13 discos lançados, Erivaldo de Carira é um dos mais populares e atuantes sanfoneiros e compositores de forró de Sergipe. E seu começo com a sanfona não foi muito diferente do de tantos outros que aprendem a dominá-la. “Quem me ensinou foi meu pai Manezinho de Carira, que tinha uma sanfona de oito baixos. Eu tinha uns 12 anos, e depois de tocar muita zabumba, isso no tempo em que ainda era chamada de ‘melê’, fui aprendendo sanfona devagar e passei a tocar em festas”.

Músico em tempo integral há mais de 30 anos, Erivaldo conta que já fez de tudo na vida. “Já fui lavrador, conduzi carro de boi, fui caminhoneiro e motorista de ônibus. Depois comprei um caminhão, vendi e fui me apresentar em circos”. O sanfoneiro também reflete sobre o que construiu na carreira musical. “Hoje sobrevivo da música e acredito que meu auge é agora. Nunca fiz muito sucesso, mas também nunca fui desconhecido, pois sempre procurei me divulgar bem”.

Erivaldo de Carira pontuou ainda sobre o que um bom sanfoneiro precisa ter para atingir, como ele, uma carreira longeva. E deu o exemplo de seu filho, o requisitado ás da sanfona Mestrinho. “Um bom sanfoneiro deve ser, antes de tudo, humilde. Por isso meu filho chegou aonde chegou. Ele tocou um ano e meio com Dominguinhos quase de graça apenas pela oportunidade de aprender com o mestre. Hoje, toca com Elba Ramalho. No Brasil tem muito sanfoneiro novo que não tem a humildade de Mestrinho. Portanto, o conselho que dou é esse: saiba pisar no chão e tire o rei da barriga. Só assim se vai longe.”

Sensibilidade

"Quando vi o Gonzagão, pensei: é a coisa mais linda do mundo e é isso que quero fazer!", disse Luiz Paulo (Foto: Infonet/Marco Vieira)

Nos anos 70, um sergipano de Malhada dos Bois foi embora para São Paulo e se meteu a participar de programas de calouros nas rádios. De lá, sairia como Luiz Paulo, sanfoneiro que soma, atualmente, 28 anos de carreira e 13 discos. E tudo isso graças a um pouco de ousadia. “Um dia meu irmão, Cândido Paulo, voltou de São Paulo com uma sanfona. Comecei a mexer nela escondido e daí nasceu minha paixão”. Mas o destino do pequeno Luiz seria consolidado graças a outro Luiz.

“Quando vi o próprio Gonzagão tocando em Malhada dos Bois, pensei comigo mesmo que aquilo era a coisa mais linda do mundo. Era o que eu queria fazer”. O sanfoneiro ainda aproveitou para reparar um equívoco. “Há uma música do velho Lula em que ele exalta a cidade de Malhada dos Bois, mas todos pensam que ele fala da Malhada dos Bois de Pernambuco. Mas ele está falando da nossa!”, adverte.

Luiz Paulo conta ainda que antes de ser tornar músico em tempo integral, trabalhou quase 20 anos como taxista. E até hoje acha graça das confusões que causava nos que conheciam seu forró. “No meu auge, as pessoas conheciam minha voz logo de cara. Mas às vezes, quando a pessoa tinha dúvida se era eu ou não no volante, eu me fazia de doido... dizia que era engano”, diverte-se. Para os sanfoneiros que estão começando, o recado do experiente Luiz Paulo é muito simples: conheça seu público. “Tocar no sertão é uma coisa, e em uma universidade, por exemplo, é outra. É outro repertório, outra linguagem. É preciso ter sensibilidade”.

Líder do popular grupo Ismael e os filhos do Nordeste, o sanfoneiro Ismael Santos Messias soma 35 anos de carreira de muitas quadrilhas, “arraiás” e dois discos gravados. Tudo isso, como não poderia deixar de ser, é de família. “Meu pai tocava sanfona por diversão. E quando comecei, com 14 anos, tanto ele quanto minha mãe me apoiaram”.

O apoio familiar deu tão certo que, no começo dos anos 80, Ismael conseguiu o que considera a maior honra de sua carreira. “Toquei para a quadrilha São João de Deus na festa da Rua São João e ganhei, na ocasião, o prêmio de melhor sanfoneiro de Sergipe”, orgulha-se.

Pai de Glauber do Acordeon, um dos mais promissores sanfoneiros da nova geração, Ismael usa sua experiência e a educação musical que transmitiu para definir o que um bom sanfoneiro deve ter. “Ele deve se espelhar nos grandes de sua época. Eu me espelhei no próprio Luiz Gonzaga, referência de muitos até hoje. Para ser bom, é preciso aprender com os melhores”.

Por Igor Matheus

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