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20/06/2013 - 14:15
Fogueiras resistem à queda das vendas
Comerciantes e compradores lutam para manter a tradição

Vendas caíram, mas (Fotos: Igor Matheus/Infonet)

Entre vendedores, é quase unânime: o costume de acender fogueiras em junho está esfriando. Com o crescimento das cidades e as restrições ambientais que vetaram o acesso a certas madeiras, a tradição vai arrefecendo e, com ela, uma parcela generosa de clientes. Só que ‘esfriar’ está longe de ser ‘acabar’. Mesmo com a redução sensível de vendas, comerciantes e famílias que insistem na tradição mantêm uma espécie de pacto e dão um claro sinal de fumaça: as fogueiras não vão se apagar tão cedo nos festejos juninos.

Vendedor de fogueiras há 25 anos, Raimundo Conceição Fontes diz que já chegou a vender, no auge do período junino, entre 500 e 600 fogueiras por dia. Hoje, no mesmo período, o número chega com esforço na marca de 300 fogueiras. “As pessoas estão morando em apartamento, outros são evangélicos. A maioria não quer mais saber de fogueira. Se chover muito no período, as vendas caem mais ainda”, explica.

Apesar dos números desfavoráveis, Raimundo insiste no negócio e ainda visualiza bom desempenho. “Não vendo tanto quanto antes, mas trago uma quantidade certa de um jeito que não sobra nada”. Já o lavrador Valdir Fontes, vendedor de fogueiras há 20 anos, destaca que o período de vendas das madeiras praticamente se resume a um dia.

Raimundo Conceição

“Só vendemos bem mesmo no dia de São João. Dos três dias comemorados no mês, o mais fraco é o de Santo Antônio. Nesse dia geralmente vendo de 15 a 20 fogueiras. No dia de São João vendo mais de 100”. Ainda segundo Valdir, não há dúvidas de que o costume de acender fogueiras está desaparecendo. “Da época em que comecei pra cá diminuiu muito mesmo”. O vendedor, entretanto, não desvia de alguma confiança. “Vamos ver como vai ser esse ano. Brasileiro sempre deixa tudo para a última hora”.

Já o vendedor Francisco Fontes, que comercializa madeira de jenipapeiro, cajueiro e mangueira para a queima, diz que vende em média 200 fogueiras no mês inteiro. E quer mais. “Espero dobrar as vendas esse ano”. O otimismo também está no discurso de José Justino da Silva, lavrador que vende fogueiras há oito anos. De acordo com ele, comercializar fogueiras não está tão ruim quanto dizem. “Já cheguei a vender 500 fogueiras em um mês. Ano passado só vendi menos porque não pude cortar mais. Por isso não acho que o negócio está ruim. Só está ruim pra quem já quer demais”.

COMPRADORES

Valdir Fontes, vendedor

Entre os compradores, a perspectiva sobre os atuais rumos da tradição das fogueiras juninas é dividida. Para o técnico em agropecuária Antônio Porfírio dos Santos Filho, comprador habitual de fogueiras na Praça Ranulfo Prata, no bairro Siqueira Campos, a tradição não está caindo apenas na capital. “No próprio interior não se vê mais tantas fogueiras. E as condições não ajudam. Se você monta uma fogueira no asfalto, ele derrete”. Apesar do diagnóstico, ele se orgulha de colaborar com a manutenção da tradição. “Sou do interior, filho de outro Antônio, e desde o dia de Santo Antônio acendemos fogueira em casa. Meu velho conservou essa tradição a vida inteira e eu continuei. Não existe festa em junho sem fogueira”.

Já o aposentado Antônio Rozendo dos Santos, outro assíduo comprador de fogueiras, não acredita em queda dos costumes juninos. “Hoje ainda está tudo firme. Olhe para as casas em dia de véspera de São João ou São Pedro. Todo mundo ainda acende sua fogueirinha”, diz. O próprio Antônio diz que é um continuador dos costumes de seu pai. “Eu e minha irmã nunca deixamos faltar fogueira nessa época”.

Antônio Rozendo

Para a aposentada Maria Lúcia Figueiredo, por sua vez, essa conversa de que as fogueiras estão sumindo é pura impressão. Pelo menos na rua dela. “Muita gente continua fazendo por lá. Não notei queda nenhuma não”. Sua irmã, a também aposentada Maria José Figueiredo, explica que, como em muitas famílias elas acompanham a herança cultural dos pais. “Fazemos churrasco, assamos milho e soltamos fogos. Em meus 66 anos de vida, foram exatos 66 anos fazendo isso”.

Por Igor Matheus

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