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17/06/2013 - 08:03
Festa de São João: do paganismo ao forró
Entenda de onde surgiram os elementos que compõem a festa

Aglaé Fontes Alencar (Foto: Arquivo Portal Infonet)

É fogueira, é quadrilha, é forró e foguetório. Para saber do que é feita uma festa de São João, “a mais brasileira das festas”, basta ter nascido brasileiro. Mas a fogueira, a quadrilha, o forró e o foguetório vieram de algum lugar. E é a partir daí que surge a pergunta que nem todo bom forrozeiro consegue responder: afinal de contas, qual a bendita origem da festa de São João?

A data de 24 de junho passou a assinalar, para os católicos, o nascimento de São João Batista, o profeta que batizou Jesus Cristo no rio Jordão. O precursor de Cristo é o único santo católico cujo nascimento é celebrado. “João Batista nasceu perto de Jerusalém, teve o deserto como escola e era muitas vezes confundido com o próprio Jesus Cristo. Foi o profeta da verdade, que falou da luz e do batismo”, define o frei Jonaldo Adelino de Souza, da paróquia Santo Antônio.

Padre José Almi Menezes (Foto: Portal Infonet)

Muito antes de ser uma data festiva da igreja, entretanto, o dia marcava a festa pagã de solstício de verão. De acordo com a pesquisadora Aglaé Fontes Alencar, essas comemorações louvavam os deuses da fertilidade da terra. “Como integrava muitas pessoas e tinha muito impacto sobre a multidão, o cristianismo absorveu a data e passou a incluí-la em seu calendário”.

Coube aos colonizadores portugueses trazer o louvor aos santos de junho para o Brasil. Aqui, o caráter festivo da celebração religiosa foi ampliado. “O nordestino aumentou a comemoração e incluiu nela a culinária de alimentos fartos no inverno local, como milho e amendoim”, explica a professora Aglaé.

A colonização europeia foi responsável, ainda, pela introdução de vários elementos célebres da festa, como as quadrilhas. De acordo com a pesquisadora, a dança possui antigas influências inglesas e foi trazida ao Brasil por missões francesas.

“Tratava-se, portanto, de uma dança sofisticada executada em palácios que acabou caindo no gosto do povo”, diz. O contato da população com as danças palacianas também originou as vestimentas típicas do São João nordestino. “As roupas dos nobres eram de veludo, de tecidos nobres. Como a população em geral não tinha acesso a isso, improvisava modelos com os mesmos desenhos utilizando retalhos. A partir disso criou-se a indumentária característica do São João”.

Já as fogueiras, onipresentes em rituais pagãos e muito utilizadas para celebrar a fertilidade na antiguidade, se integraram ao São João com mais uma conotação. De acordo com o padre José Almi Menezes, a versão católica para as chamas juninas está relacionada ao próprio nascimento de São João Batista. “Os pais de São João, Zacarias e Isabel, moravam nas montanhas. Naquela região, acender uma fogueira era uma das formas que os moradores das montanhas tinham para anunciar alguma coisa. E foi exatamente isso que fizeram para noticiar a todos o nascimento do pequeno João”. Os fogos de artifício, por sua vez, foram uma invenção chinesa aproveitada em Portugal como meio de “despertar” São João. No Nordeste brasileiro, a tradição foi adaptada e corresponde ao característico foguetório junino. 

Por fim, acrescentou-se a tudo isso um dos mais característicos ingredientes da época: o inconfundível forró, o som que dá o tom dos festejos. De acordo com Paulo Corrêa, pesquisador e idealizador do Fórum do Forró, os primeiros esboços do ritmo começaram a ser traçados ainda no século XIX. “Tudo começou em bailes de chão de barro batido, onde se dançava ao som de sanfoninhas pé-de-bode de oito baixos e grupos de pífano. Na década de 30, vários compositores de marchinhas carnavalescas também faziam marchinhas juninas. Mas o ritmo só foi mesmo ganhar o Brasil quando um nordestino que cantava e tocava coisas do Nordeste começou a fazer sucesso. Seu nome era Luiz Gonzaga”.

A fogueira, a quadrilha, o forró e o foguetório vieram de algum lugar. Mas a mistura se deu aqui - mistura que fez do São João, definitivamente, a mais brasileira das festas.

Por Igor Matheus

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